A partida é sempre dura, mesmo quando por vontade própria. Partir é ir embora, é seguir viagem numa travessia onde todas as escolhas são incertas e o fim é desconhecido, onde as rotas se alternam e confundem nosso coração, e onde o objetivo é a próxima conquista, sempre tão intangível... A partida é dura, mesmo o adeus não fazendo parte dela, pois algo está sendo deixado para trás.
E é tão engraçado o ser humano. Alguns são objetivos, outros sonhadores. Alguns amam, outros se enganam, mas amam mesmo assim, e outros ainda, guardam rancor. Uns são engenheiros, outros escritores, e há também médicos e pintores. E todos são artistas. São artistas porque diz que entende, e faz que entende, e por vezes até acreditamos que entendemos! Mas a gente não entende absolutamente nada...
Nós não entendemos a grandeza da vida e o tamanho dos nossos corações. Somos, querendo nós ou não, produto de uma época e de um espaço, e neles estaremos inseridos e de tal modo ligados, que o diferente acaba nos parecendo sempre alheio, e que se assim não fosse, talvez facilitasse o percurso.
Claro, com exceções que só a vida é capaz de produzir, e que não vem ao caso agora, porque Gandhis só existem uma vez... E como ele não somos, continuamos sem entender da dor e do amor. E que da vida, a gente só leva o que nasce lá no fundo da alma, a partir de cada despedida, e de cada novo passo, e também da superação de mais outro obstáculo, e da consciência de que somos diferentes, e que assim sendo, podemos ser mais, e não menos, juntos.
E quem é que explica? Ninguém. Por melhor que sejamos e mais que tentemos, ninguém nunca explicará o coração humano. Porque palavras jamais poderão traduzir a grandeza e a pluralidade e a incongruência de tudo o que somos capazes de sentir.
E alguém ainda virá nos dizer “assim é a vida”. E nós saberemos que é verdade. Mas não interessa, a despedida continuará sendo dura. Porque estaremos nos despedindo sempre, de nós mesmos.
Eu, L